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o Mistério de Cruz das Almas
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- Calcular frete"O silêncio dominava o cemitério. Nos últimos dias, uma movimentação diferente tinha agitado o lugar, por isso aquele momento de calmaria lhe permitia descansar sem sobressaltos. Pousada na marquise de um mausoléu, a coruja olhava em volta com gestos precisos e rápidos. Já tinha saboreado a refeição da noite, um rato gordo e apetitoso. Agora, tentava repousar um pouco, enquanto limpava as penas com bicadas curtas. Seus grandes olhos amarelados enxergavam bem através da escuridão, e ela conseguia discernir qualquer pequeno movimento. De repente, um ruído fez que se assustasse, batesse as asas e ameaçasse alçar voo. Mas, movida pela curiosidade, fixou o olhar. Um grande animal vinha em sua direção, correndo por entre as sepulturas. Ela podia perceber o pânico que emanava daquele ser, tanto na respiração ofegante quanto na velocidade de seus passos, bem como no cheiro de suor de seu corpo e até da adrenalina que saía de seus poros e que o vento pesado da noite levava até ela. A coruja conhecia bem aqueles sinais. Eram sintomas típicos de uma presa fugindo de seu predador. Estava bem familiarizada com aquele tipo de animal, sempre presente na região do cemitério que lhe servia de moradia. Tratava-se de um ser humano. Aquele em especial chamou sua atenção, pois se aproximava em desabalada carreira pelos corredores entre as sepulturas. Em certo momento, saiu na alameda principal e parou. Olhou para trás. Olhou ao redor. Ali se localizavam os maiores e mais antigos mausoléus do cemitério. Curiosa, a coruja levantou voo de onde estava e, com poucas batidas de asas, deslocou-se até uma grande árvore, a certa distância. De lá, conseguia ter uma visão mais privilegiada. Assim, foi capaz de observar quando aquele animal correu até um dos grandes mausoléus e forçou histericamente a porta de entrada. Como estava trancada, ele se lançou a passos nervosos e apressados para o segundo. Nada. Dirigiu-se ao terceiro, mas uma grande corrente impedia que abrisse a porta. Quando chegou diante do quarto mausoléu, o que aconteceu fez a coruja dar um salto, assustada. A porta cedeu, deixando vislumbrar uma escadaria que levava a uma construção subterrânea. E, do seu interior, cortando o ar e o silêncio da noite, veio um som indescritível. Era como se centenas de gargantas emitissem ao mesmo tempo gritos agudos e roucos, berros que pareciam uma mistura de tristeza, dor e solidão. Um som infernal. A coruja não foi a única que se aterrorizou com o barulho. Impactado pela súbita massa sonora de gritos horripilantes que emergiu das profundezas da terra, o ser humano cambaleou para trás. Após um instante de hesitação, uma movimentação chamou sua atenção, e também a da coruja. Ambos viraram a cabeça e viram algo que se destacava na noite. Duas criaturas se aproximavam a passos rápidos. Eram duas formas pálidas, com roupas e olhos negros e dentes caninos compridos e pontiagudos. Uma figura masculina e outra feminina. No mundo dos humanos, os dois seriam associados a seres míticos e lendários, nos quais muitos não acreditavam. Seres conhecidos como... vampiros."